🧠Adolescência e saúde mental: escuta ou julgamento?

Ter um olhar para a adolescência e a saúde mental vem se tornado urgente. A adolescência é um momento de intensas transformações. Corpo, identidade, emoções e relações — tudo muda. É também a fase em que muitas dores internas começam a surgir com mais força, como a ansiedade, a sensação de inadequação, a solidão e os questionamentos sobre o próprio lugar no mundo.

Diante disso, uma pergunta se impõe: os adolescentes estão sendo escutados ou julgados?

👂🏼 Adolescentes preferem falar com “estranhos”?

Sim — e isso pode revelar algo muito importante. Tenho recebido muitos contatos de adolescentes que relatam: “Me sinto mais à vontade para falar com alguém de fora, porque em casa tudo vira sermão, crítica ou silêncio.”

Isso não quer dizer que não amem ou confiem nos pais. Mas mostra que, muitas vezes, o espaço emocional dentro de casa não está disponível da forma como eles precisam.

Na dúvida entre “falar e ser julgado” ou “calar e sofrer sozinho”, muitos optam por buscar ajuda em lugares alternativos — às vezes na internet, às vezes com amigos, às vezes com profissionais como eu, mesmo que ainda não tenham autorização formal dos responsáveis.

❗ Por que isso deve ser um sinal de alerta?

Porque a saúde mental dos adolescentes precisa ser cuidada com urgência e seriedade. Os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que metade dos transtornos mentais começam antes dos 14 anos. E, infelizmente, a maioria deles não é diagnosticada nem tratada a tempo (WHO, 2021).

Quando um adolescente busca ajuda por conta própria, ele está sinalizando que algo dentro dele está difícil de lidar. Não é rebeldia. Não é drama. É um pedido silencioso de socorro.

No entanto, nós psicólogos não podemos iniciar nenhum acolhimento e escuta sem a autorização e consentimento dos pais. O trabalho em conjunto é fundamental.

👨‍👩‍👧 A importância do papel dos pais

Por serem menores de idade, adolescentes precisam de autorização e acompanhamento dos pais ou responsáveis para iniciar o processo psicoterapêutico. Mas isso não significa que o profissional vai “tomar partido” ou “interferir na educação”.

A psicoterapia com adolescentes é um espaço de escuta, acolhimento e mediação. É um lugar onde esse jovem pode se expressar, se organizar emocionalmente e, ao mesmo tempo, criar pontes de diálogo mais saudáveis com sua família.

Pais e mães são peças fundamentais nesse processo. Não para controlar o que é dito na terapia, mas para apoiar, validar e participar ativamente do cuidado emocional.

💬 O que pais podem começar a fazer?

• Escute mais, reaja menos.

• Substitua perguntas investigativas por perguntas afetivas: “Como você está se sentindo com isso?”

• Evite minimizar ou zombar da dor adolescente. Ela pode parecer pequena para quem já passou, mas para quem sente, é imensa.

• Demonstre abertura real para conversar, mesmo que não entenda tudo.

Como diz Carl Rogers, psicólogo humanista:

“A escuta empática é uma forma poderosa de mudar o outro. Porque, ao ser verdadeiramente compreendido, ele se transforma.”

✨ Psicoterapia: um espaço seguro para adolescentes (e para pais também)

Se você é pai ou mãe e percebe que seu filho está emocionalmente sobrecarregado, não ignore. Mesmo que ele não saiba dizer o que está sentindo, o simples fato de se mostrar presente e aberto à escuta já pode ser transformador.

E se você é adolescente e está lendo esse texto: saiba que seu sofrimento importa. Que você tem direito a um espaço de fala e cuidado. E que procurar ajuda não é sinal de fraqueza — é um ato de coragem. Mesmo sendo difícil, compartilhe primeiro com seus pais o que está sentindo e converse sobre a sua vontade de fazer terapia.

🧩 A psicoterapia é um espaço seguro para acolher, compreender e ressignificar dores. Se você sente que chegou a hora de procurar ajuda — ou se você é pai ou mãe em busca de apoio para seu filho — estou aqui para isso.

💬 Vamos conversar. Será um prazer acolher vocês nesse caminho de escuta, cuidado e construção conjunta.

Vamos conversar